A vida é surpreendente. Tinha me programado para atualizar o blog de segunda à sexta. Projetos pessoais estavam em andamento. Eu sentia uma mistura de gratidão e euforia porque após algum tempo, longo pra ser sincera, as coisas estavam andando após um período de estagnação. Numa quarta-feira (02/08) levei o meu computador para um upgrade que ia garantir a eficácia do andamento de meus projetos. Estava em êxtase.
Sábado (05/08) retomaria um projeto e na segunda (07/08) iniciaria outro. Na sexta-feira (04/08) estava cansada porém feliz. Ansiosa pelos inícios, recomeços. Na volta do trabalho, passo em frente ao prédio onde moro e vou à padaria. Estou faminta e preciso comprar algo pra lanchar em casa. Quando coloco a chave na porta, ela abre sozinha. E eu parada, ainda do lado de fora, entendo o que aconteceu. Enquanto eu estava no trabalho, pessoas acharam que podiam roubar aquilo que me esforcei para comprar. Levaram todas as Ipsy e vários outros produtos de assinaturas mensais.
Roubaram um óculos que eu tinha ganho no sábado anterior e sequer tive o prazer de usar. Entre outras coisas, levaram o meu notebook com lembranças, fotos especiais, uma infinidade de fotos que seriam usadas no blog, material de estudo, pesquisas particulares e várias outras coisas. Ligo para o 190 e sou informada de que, como não tinha suspeitos, a polícia não iria à minha casa. No dia seguinte, vou registrar ocorrência e saio de lá com a promessa de que a perícia iria ainda no final de semana à minha casa e que era pra preservar o local.
E hoje, um mês e meio depois, tenho convicção de que fui mais um número para a estatística. Passei o fim de semana fora de casa e nunca tive retorno. Quando fui registrar ocorrência na delegacia mais próxima, me deparei com um aviso de que deveria ir à outra delegacia. Para mim restaram a revolta, sensação de impotência, prejuízo material e sentimental, a troca das chaves e uma grade na porta. Sem contar o sentimento, de todos os dias, ao voltar para casa, pensar que a porta estará aberta.
O projeto que começaria no dia 07/08 foi frustrado, os posts cancelados e o blog desatualizado. O projeto que começou sábado (05/08) teve seus resquícios de impacto negativo porque tive que lidar com outros assuntos, tomar várias providências, compensar horas no trabalho por chegar mais tarde ou ter que sair no meio do expediente para deixar a casa mais segura. Fiquei sem notebook por mais de um mês. Não queria comprar nada por medo de alguém levar de novo.
Continuo trabalhando todos os dias, levantando cedo, mantendo minhas contas pagas enquanto pessoas estão soltas por aí fazendo a festa com o suor do rosto alheio. E o que eu tenho feito, depois de um longo período de revolta, é olhar pra frente e seguir. Cada um tem dores, imprevistos. E só quem passa é que sabe o que sente…